A “morte” alheia não acontece apenas quando se criam barreiras que a distância dos dois mundos teimosamente inflige. Tão pouco depende exclusivamente da ausência fisica de outrem. Ela veste várias peles, disfarça-se sob a forma de desiluções, tão comuns na nossa selva quotidiana.
A pior “morte” que podemos sentir, é a que nasce da definitiva descrença que manifestamos para com o outro, quando alguém que respira ao nosso lado deixa de existir em cada um dos nossos sentidos. É quando alguém que se encontra à nossa frente deixa de estar, como se a própria cegueira estivesse enganada, virada do avesso.
É uma sensação pungente e jamais bem-vinda, visto que deixamos de sentir no seu todo uma pessoa que outrora nos habituáramos a ouvir, que experimentávamos, que participava e era responsável por parte do nosso contentamento.
Entrámos numa nova dimensão relacional : os comportamentos low cost.
Hoje, já não nos esforçamos por aprofundar, insistir no que já conhecemos. É mais fácil desistir e partir as raízes entretanto criadas.
“ Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos como animais envelhecidos;
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão apodrecidos “
Insisto : aquilo que já não consegues ver, sente-lhe a mão. Por cada pedra que te arremessam ofereçe o teu perdão.
Se existimos, o mundo somos NÓS !